Personagens

09/05/2012

Ultimamente tenho mantido minhas leituras restritas às leituras requeridas pela faculdade, seja por trabalho, seja por grupo de estudos, seja por cadeiras… No entanto, acredito que todo “letrista” (inclusive eu) sempre tenha aquele livro socado no fundo da mochila para os trajetos no ônibus, ou então aquelas literaturas de banheiro. Seja como for, por mais atarefado que esteja o letrista, ele sempre vai ter um livro que lê por prazer.

Pode se tratar de um livro bem velho, ou um recém comprado, uma edição especial com capa dura, folhas de bordas douradas, ou uma edição baratinha em papel jornal. O autor pode escrever de maneira rebuscada e nos atrair pelo domínio sobre a língua, ou pode ser uma tradução excelente, ou então a escrita pode até não ter nada de tão especial, mas nos atrai pela complexidade da história. Pelos personagens intrincados.

Quanto aos personagens, eles é que são a alma de uma boa história. Podem ser pessoas, animais, até mesmo estações do ano ou locais no tempo e espaço. No entanto, foquemo-nos nos personagens pessoas. Sempre que leio alguma coisa, consigo identificar claramente quatro padrões diferentes na formação de personagens, quase impossíveis de serem driblados por quem escreve.

Primeiramente, temos o “bonzinho” chato. O bonzinho chato é aquele sujeito que foi pretendido como herói por quem escreveu – ou não, quem sabe –, mas é tão entediante que faz com que o leitor torça contra ele somente para ver sua desgraça e vê-lo aprender alguma lição de vida. Por mais que o autor nos apresente seu passado e argumente conosco mostrando motivos para gostarmos do sujeito, não adianta. Ele é entediante, e queremos vê-lo no espeto.

Em seguida, temos o “bonzinho” herói. Esse, de fato, nos convence. Torcemos por ele e aprovamos suas ações. Ele mostra que aprendeu com suas dificuldades no passado, ou, mesmo que não tenha tido tantas dificuldades assim, ele simplesmente nos cativa. Pode ser por afinidade, ou porque nos identificamos com ele, ou porque ele consegue ser herói e fugir do estereótipo. Aqui entra também o que chamamos ‘anti-herói’, que é apenas o bonzinho não ortodoxo. Enfim, certamente vamos torcer por ele. A menos que ele encontre e tenha de enfrentar um…

… “vilão” carismático. O vilão carismático é o personagem que vai fazer você se perguntar se no fundo, no fundo, você é mesmo uma pessoa tão boa quanto pensa que é. Ele é tão charmoso, convincente e interessante que você aprova tudo o que ele faz, mesmo que sejam  as maiores atrocidades. Não se trata em absoluto do anti-herói. Esse sujeito é vilão mesmo, só está ali para ver o circo pegar fogo, mas é um personagem tão cool que, no fim, você se pega não só torcendo para ele, como justificando suas atitudes malignas. Ou não justifica, aceita que você gosta da maldade e exclama: “Se tá no inferno, abraça o capeta!”

Em contrapartida, sempre há o vilão que cumpre com o seu papel de ser odiado. Pode ser aquela megera de uma novela mexicana. Aquele sujeito tão ruim que não oferece para o pobre leitor nem uma profundidade de caráter sobre a qual refletir, ou que oferece pesadelos. Pode ser o vilão tradicional bem construído, que realmente dá pesadelos e é odiado, ou um vilão medíocre que é odiado pelo simples fato de não estar no mesmo patamar que os outros personagens. O vilão risível de desenhos animados, por exemplo.

Trato apenas de literatura popular, pois bem sabemos que na literatura canônica os personagens são bem mais profundos do que uma mera classificação em “bem” e “mal” pode abranger.

Claro, essa mesma classificação também depende da interpretação de cada leitor, pois cada um, na verdade, lê uma história diferente vinda do mesmo livro e das mesmas palavras. Por isso, prefiro não trazer exemplos.

Mas não tratemos disso aqui. Tratemos de personagens, apenas. Leitor, você conseguiu pensar nos quatro personagens?

Números

19/04/2012

Trinta, de dez, de mil novecentos e noventa e um. Dois quilos e meio. Trinta centímetros. Números, muitos números antes de vir uma letra sequer. Até que vieram, finalmente. A-N-A, M-A-R-I-A. Meu nome foi decidido depois do meu nascimento, e, claro, apenas depois dos meus números. Depois vieram outros, naturalmente. Mil novecentos e noventa e sete, número um da chamada, e dali em diante, durante todos os anos da vida escolar. Dois mil e nove, número quinze do vestibular em Letras. Dezoito, vinte e oito, trinta e oito, quando dentro da UFRGS. Dez, nove, oito. Dez, nove, oito. Dez, nove, oito. Ai, um sete! … Dez, nove, oito. Ui! Um seis! Mais algumas letras misturadas – ou acopladas – a eles nas minhas notas. Números do ordenamento dali em diante: variados, parei de contar.

A questão é que cedo percebi que teria de fugir dos números a minha vida inteira, e nem por isso fui capaz. Corri para o mais longe deles possível, ou, pelo menos, era o que eu pensava, fazendo o curso de Letras. Achava que as letras eram justamente antagônicas aos números, mas nem em meu local de fuga consegui livrar-me deles. Paciência, agora é conviver.

O que me incomoda nos números é o fato de as pessoas terem a tendência a considerá-los infinitamente mais importantes que as letras, ou que qualquer outra coisa. Até porque, “matemática é a linguagem universal”, dizem. Podem dizer o que quiserem, mas nunca irão me convencer de que é possível comunicar qualquer coisa de quente e pessoal em números. Há quem tente. Quanto à linguagem universal, uma amiga certa vez comentou que essa é a violência. “Porque um sorriso pode ser interpretado de várias maneiras diferentes, mas um soco no queixo, não”. Sábias palavras. Não quero defender também que os números não tenham sua utilidade, pois é óbvio que não é verdade. Eles são práticos e funcionam, quando, é claro, estão em mãos de quem sabe usá-los. O que não é o caso comigo.      Sinto-me ameaçada e ofendida por números, pois eles limitam. Eles são incapazes de serem ambíguos. Aqui alguns pensariam “ótimo, de qualquer maneira, ambiguidade é característica de enganadores e ladinos!” E letristas. Mas eu não vejo essa “ambiguidade” como algo ruim, apenas como um limite flexível. Seria a capacidade de transformar um “não” em um “talvez”, o “talvez” em um “sim” e daí por diante de acordo com o que for mais apropriado. Acredito que as pessoas não são definíveis pelos números que carregam pregados a si como estacas, mas depois de ter tantos deles obscurecendo a visão da figura humana, como distingui-la? Estamos acostumados a associar números a valores – obviamente –, mas os próprios valores foram uma necessidade trazida pelos números.

A não ser os valores de uma pessoa. Nem sempre aquele que tem mais cifrões pregados à carteira é o mais íntegro. Nem sempre o aluno com mais “dez” pregados ao boletim é o que vai ter mais sucesso na vida. Tudo isso é ótimo, claro, já que boas notas na maioria das vezes levam a boas cédulas que, por sua vez, levam a: “dinheiro não compra felicidade mas é preferível estar deprimido em Paris”. Concordo, é claro. Mas já vi muitas vezes os casos que mencionei acima. As notas “dez” congelando em frente ao contato humano e, assim, perdendo oportunidades únicas que lhe mudariam a vida. Já vi os cifrões das carteiras virarem cordas para serem amarradas ao pescoço do dono e lhe tirarem a vida. Já vi gente de toda a sorte e com números variados e infinitamente menores serem pessoas de valor proporcionalmente inverso aos seus números. Já sofri eu mesma essa “discriminação aritmética” e pensava, indignada, que o todo da minha existência mal chegava perto dos números, na medida em que eles não chegavam nem perto de representar com precisão aquilo que sou. Número nenhum vai mostrar meus interesses, raramente vão mostrar minhas habilidades, muito menos as coisas pelas quais as pessoas gostam de mim – ou deixam de gostar. A menos, é claro, que minha proficiência em somar, subtrair, multiplicar e dividir sejam fatores de julgamento do meu caráter sob o ponto de vista alheio. Aí, meus amigos, devo dizer que estou… em maus lençóis, para não ter de me expressar fora do vocabulário civilizado. Mas admiro quem consegue lidar com números e ainda assim enxergar claramente os seres humanos por trás da barreira que a aritmética forma.

Por outro lado, ironicamente, a minha língua de ênfase é capaz de misturar com excelência os números e as letras, na única representação que me faz enxergá-los como possuidores do mesmo calor que só as palavras têm. Bem, isso apenas quando são representados por ideogramas. Imaginem ler uma palavra escrita “2zal”, significando “casal”? Ou “1zinho”, para “sozinho”? Com o nosso alfabeto pode não ficar tão esteticamente agradável, mas é por isso que só gosto de números na escrita japonesa, a única língua que conheço onde números sozinhos podem contar histórias. Ver algo escrito de modo a não saber se um certo personagem está diante da morte ou se está diante do número quatro. Ou em chinês, escrito com os mesmo ideogramas, cuja sonoridade para “quinhentos e vinte” é semelhante à de “eu te amo”. Eis aí números que conseguem ser tão transmissores de significado quanto qualquer palavra.

RPG e Vida Real

02/04/2012

Ana Maria Sigas Pichini

02/04/2012

Dizem que a vida imita a arte e a arte imita a vida e assim em diante, em um ciclo infinito. Partindo do princípio que todos aceitamos teatro como arte, bem como a literatura, gostaria de chamar a atenção para uma espécie de “arte” marginal (marginalização esta que não entendo, visto que não passa da união de teatro e literatura, a meu ver)  e que encarna mais ao pé da letra a máxima com que começo esse texto. Igualmente, reconheço o risco que assumo ao trazer um assunto que não necessariamente é conhecido pelo leitor, mas aquilo com que o comparo não poderia ser mais próximo de todos, visto que se trata da vida real.

Há quatro anos participo da prática social conhecida como RPG – do inglês, Role Playing Game, ou “jogo de interpretar (personagens)”. Daí a união de teatro e literatura. Cada jogador interpreta um personagem de criação própria e tem livre ação dentro de um sistema de regras escolhido pelo grupo e organizado por um mestre do jogo. O RPG se diferencia de outros jogos justamente pelo fator colaborativo, em oposição à competição de qualquer outro tipo de jogo, seja de tabuleiro, cartas etc. Por ser de livre ação, tem as mesmas proporções que romances ou peças de teatro, com a diferença que o “leitor” (neste caso, o jogador) não fica preso a um enredo único, visto que ele tem a liberdade para comandar o personagem a ir e vir, interferindo ativamente na história. Também é um jogo reconhecido pelo MEC e incentivado como método de ensino, havendo inúmeras pesquisas sobre o assunto. Seja como for, continua sendo uma prática vista com olhos suspeitos principalmente por, na maioria das vezes, possuir uma temática fantasiosa, bélica e, bem, a olhos alheios, “esquisita”.

Mas “esquisita” por que, exatamente? Não faz muito tempo que o mestre do meu grupo de jogo mais recente comentou que “a popularidade do RPG está em saciar a nossa necessidade do épico sem nos causar danos”. O ser humano tem, de fato, uma necessidade do épico, do grande, do memorável. Na história vemos essa necessidade sendo saciada de diversas maneiras diferentes, com grandes batalhas (que causam dano, certamente!), com grandes obras – de arte, de literatura, de arquitetura –, com grandes descobertas. Mesmo agora, satisfazemo-nos com cinema, livros, alguns dos métodos antigos, alguns novos. A diferença entre eles é que, principalmente no tempo atual, somos apenas expectadores do épico. Todos levantamos de manhã, lavamos o rosto, tomamos café – ou não –, saímos de casa, pegamos o ônibus e vamos para a aula. Saímos da aula, almoçamos na universidade – ou não –, voltamos pra casa – ou não… Enfim, seguimos nossas rotinas. Por mais animadas que elas possam ser para alguns de nós, podemos realmente dizer que vivenciamos o épico? Podemos encontrar um amigo no dia seguinte e comentar o quão difícil e gratificante foi matar aquele dragão, ou completar aquela missão para seu centenário tutor, ou destruir um inimigo jurado usando simplesmente palavras e a força diplomática? Um jogador pode. Está certo que essas coisas não agradam a todos, a bem dizer agradam a um grupo bem específico de pessoas, mas muito vem do desconhecimento, afinal, o jogo em si é completamente adaptável.

Mesmo assim, o RPG guarda muitos aspectos da vida real. Os personagens precisam interagir com outros seres do mundo que habitam, precisam criar laços de amizade e aliança com alguns, tomar cuidado com outros, precisam de abrigo, comida, água, sentem frio, dor, calor, adoecem. Claro, uma ou duas dessas adversidades podem ser anuladas através de meios fantásticos, mas aí entra novamente a questão do épico, que, em minha opinião, é a única coisa que diferencia os polos de comparação que trago aqui. O jogo é a vida real acrescida do épico. Permite que um leitor vivencie suas obras favoritas, influencie em seus desfechos. Tira-o da posição de expectador e permite a ele ter sentimentos e agir de acordo com o ambiente novo, porém, quem sabe, já conhecido, sendo ao mesmo tempo personagem, autor, leitor. A interpretação e a vida real intermeiam-se, pois a vida é a grande base desse jogo, e o jogo proporciona a saciedade de uma maneira que nenhum outro meio consegue proporcionar. E visto que ele é basicamente teatro e narrativa entrelaçados, é a arte imitando a vida, a vida imitando a arte, a arte imitando a vida…

Carta de despedida para o Gabriel

22/07/2011

20/07/2011     Quarta-feira     meia-noite e 38min

Querido Gabriel,

Dizem que só temos cinco pessoas de “distância” entre nós e qualquer outra pessoa no mundo. Se for verdade, quer dizer que, através de cinco pessoas, já nos conhecíamos bem antes de tu vir pra cá.

Tu foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida e eu te amo de todas as maneiras possíveis. Te amo como nunca amei ninguém antes.

Vocês todos mudaram meu mundo, mas tu conseguiu pintar esse mundo com novas cores pra mim. Esse tempo que estivemos juntos foi a época em que mais aprendi e cresci até agora. Se eu consegui te dar metade das experiências que tu me deu, já vou ficar satisfeita, porque já vai ter sido muito. Basicamente, foi tu quem criou a Ana que eu sou hoje. Ou, pelo menos, grande responsável por ela. Nossas experiências nos mudam e nos modelam, nos fazem crescer. Um intercâmbio não é só um aprendizado para quem visita o país, mas também para os amigos nativos que essa pessoa faz.

Em menos de um ano, tu se tornou um dos meus melhores amigos. E, apesar de tu estar feliz por estar voltando (e apesar de eu entender isso), te ver partir, ir embora, vai ser uma das coisas mais dolorosas da minha vida. Eu nunca passei por isso antes. Eu nunca tive que dizer “adeus” para alguém que amei tanto, sem saber quando veria essa pessoa de novo. Por mim, se eu pudesse, eu estaria embarcando naquele avião para a China com vocês. Mas tem muitas coisas que me impedem de ir para sempre. Meu curso, meus amigos, minha família. Além do dinheiro que eu não tenho ainda! xD Mas eu sei que tu entende, assim como eu entendo que são alguns desses mesmos motivos que não te deixam ficar aqui pra sempre também.

Agora vai ser uma nova experiência para nós, ficar separados. Mas sei que também vamos aprender com isso.

Lembra no último dia, quando tu perguntou o que teríamos feito de diferente no último ano? “Nada. Eu faria tudo igual.”, eu respondi. Gabi, eu sabia desde o início que essa hora ia chegar, e que o adeus ia doer mais que qualquer coisa. Mesmo assim, eu escolhi estar contigo, e eu não trocaria nada nesse mundo por esse ano que passou.

Vai ser difícil não poder te mandar uma mensagem no próximo fim de semana pra sair. Vai ser difícil não poder te chamar pra próxima festa no Laika. Vai ser difícil não poder reclamar contigo dos professores do PPE, nem poder te chamar pro meu aniversário, nem poder te dar um abraço no dia do teu.

Mas tu pode ter certeza que eu nunca vou te esquecer nem por um minuto até eu ficar bem velhinha e partir desse mundo. Tu vai ter um lugar especial no meu coração pra sempre, e ninguém nunca vai te substituir nele. Eu vou me apaixonar por outra pessoa no futuro, mas eu sempre vou te amar como meu melhor amigo. Quer dizer, como um deles. Cada um com uma história, cada um especial.

Só peço que, se tu puder, também me guarde num lugar especial. Não me esqueça!

Por fim, se um objeto é capaz de guardar um pedacinho da alma da pessoa que o usou por muito tempo, essa caneta com certeza tem um pedacinho da minha alma. Foi com ela que escrevi essa carta e meus diários desde 2009. Essa caneta viu minha transformação em quem sou agora,  certamente a base para quem vou ser no futuro. Como presente de despedida, eu queria te dar meu objeto mais importante, e descobri agora o que é. Para trocar a tinta, gire a parte preta para abrir e troque o cartucho. Cuidado, ela mancha! Agora sempre que for escrever com ela, vai estar um pouquinho mais perto de mim. Eu queria ter te pedido algo teu, mas fiquei com vergonha…

Não esquece de me mandar cartas e e-mails e mensagens no renren e no MSN e no Skype e onde mais der! Até algum dia no futuro!

Já com saudade, com amor,

para sempre tua

Ana Maria S. Pichini

Diplomacia e cabeça de bacalhau

05/05/2011

Eu estou absolutamente cansada de ser a tia da creche que pega a mão de cada fulaninho que brigou e diz pros dois fazerem as pazes.

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Também acho que não fiz nenhum curso de Diplomacia pra servir como tal.

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Tudo que o que eu vou receber com isso tudo é uma morte prematura por úlcera explodida ou ataque cardíaco e, sinceramente, não seria das opções mais agradáveis agora. Consigo pensar em muitas outras coisas que eu preferiria fazer.

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Eu acho que, assim como em uma guerra, não tem lado certo nem errado, nem lado que sai ganhando ou perdendo. Na verdade, tem sim. Os dois estão errados. Os dois saem perdendo.

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Eu fui criada de modo a respeitar sempre meus professores e acredito que esse seja de fato o certo. Já cheguei a chorar – e muito – em sala de aula a fim de engolir em seco o que uma professora minha me dizia acerca do que ela achava que seria meu fracasso na vida. Por mais que eu a odiasse por motivos muito mais concretos do que os que eu vejo sendo manifestados agora – nenhum de carga pessoal – eu sempre a respeitei.

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Já que todos aqui têm facilidade para isso, imaginem-se no Japão, ok? Vocês tomariam as mesmas atitudes que tomam hoje se fosse lá? Se fossem japoneses? Se o professor fosse japonês? Mas, principalmente, se estivessem lá? Não, claro que não. Vocês estão no freacking Brasil. E eu acho, como até mesmo alguns de vocês mesmos já disseram antes de mim, que o maior problema do Brasil é a educação. E que a educação japonesa é a que deveria ser imitada. Bom, então comecem, né!

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De novo, acho que os dois lados estão errados, então essa é uma crítica bem geral. Os dois lados, ou três, ou quatro, ou sei lá eu em quantos lados essa budega já foi divida, enfim, todos estão errados e me incomodando profundamente. A ponto de eu respirar e parecer que o ar não chega. A ponto de eu expelir o ar e o que quer que está dentro de mim não sair. A ponto de eu beber água e a garganta continuar seca. A ponto de eu escrever e o coração continuar acelerado.

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Eu não sou um mensageiro, eu não sou uma coruja. E eu acho que as coisas devem ser ditas diretamente. Tomem coragem, for God’s sake, porque eu não quero mais ser ao mesmo tempo o morto da guilhotina e o carrasco. Isso não é o que acontece quando se fala com as pessoas. O máximo que acontece – pelo menos entre nós, pessoas mais ou menos civilizadas e de certa educação – são tons de voz alterados, brigas, xingões. Pra quem não sabe o que é isso, vou ser como uma mãe levando o filho pra tomar injeção: não dói tanto. Incomoda, mas não mata ninguém.

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Além disso, acho também que essa situação toda está “espalhada” demais. Não sei e não me interessa, sinceramente, como se deu a “espalhação”, mas eu estou achando que está mais pra palhaçada. Digo que está espalhada no sentido de que tem gente demais. Só quero ver quantas pessoas vão vir falar/brigar comigo depois. Vou contar o número e ver quantos desses têm, de fato, alguma ligação direta com a história. Então, se não tem ligação direta, diga: “bem, estou de fora, mas acho que, seja o que for – pois eu não faço ideia do que está acontecendo. Mesmo. – vocês deveriam resolver entre vocês.” Atenção ao verbo: RE-SOL-VER . Nada de ignorar. Nada de falar por trás. Nada de jogar panos quentes por cima. Nada de abafar.

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Não sei quantas vezes eu disse pra esquecer do assunto, que eu preferia não tocar nele, ao ver que não tinha jeito, que ninguém estava disposto a ir muito além daquilo que já tínhamos ido. Porque sim, nós falamos diretamente muito antes de falar por trás. Em não tendo surtido muito efeito, ou pelo menos não o efeito desejado pela maioria, até compreendo que a maneira que cada um tenha para lidar com a situação seja diferente. Seja como for, nenhuma delas é a minha, então vocês devem estar entendendo o motivo de eu estar tão incomodada, não? Eu fico no meio, é por isso. Eu sou forçada a assumir ao mesmo tempo as maneiras individuais de cada um para evitar o linchamento por todos os lados e todas juntas ao mesmo tempo para servir de diplomata. Só eu, certo? Porque até onde eu sei, temos núcleos de individualidade coletiva. Individualidade coletiva. Porque, apesar de serem grupos, não tem comunicação nenhuma com o exterior. Fora eu. Então eu tenho que fazer a comunicação.

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“Ai, Ana, cala a boca, tu faz porque tu é boba. Tu faz porque tu é burra. Tu faz porque tu quer.”

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Não, EU faço porque não tem quem faça. EU faço porque não tem ninguém com coragem de continuar, mesmo que até tenha coragem de começar. EU faço porque EU acho, segundo o que a MINHA moral dita, que é o certo. Nenhum de vocês vai contra si próprio, não é? Então porque eu tenho que ir? Azar, achem o que acharem, na minha opinião, o certo é ouvir, respeitar e resolver. Não fugir. Ou, até, dos males o menor. Se for para não sair brigando, até tudo bem, vá, omita-se. Mas então que se omita de fato. Não esbugalhe os olhos nem espume pela boca nem agrida móveis nem grite em frente a quem inclusive tem – e tem vários – pontos de concordância com você. Notam? Está tudo bem o contrário, não está? Não seria melhor fazer que nem uma grande reunião de família, brigar todos os podres pra fora, mas pelo menos resolvê-los com quem tem que ouvir? Sinceramente, do que adianta para o bem estar de cada um de vocês desopilarem comigo? O que eu posso fazer além do que eu já estou fazendo, que é a ponte? E que, diga-se de passagem, já é bem mais do que eu deveria, ou bem mais do que qualquer um se prestaria a fazer. Eu sozinha não tenho como resolver nada, então de que adiantou até agora tudo o que ouvi e sei, direta ou indiretamente? Nada mudou, não é?

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Eu também acho, e vocês sabem que eu acho, que segredos servem mais pra nos causar danos do que para proteger. Quem me conhece sabe que eu não tenho segredos. Respeito o segredo dos outros, caso alguém o peça. Posso até discordar, mas se vierem com “Por favor, não conte”, não contarei, certo? Se não me disserem nada, tomo como meu, para meu livre uso de acordo com a adequação ou não ao caso. Portanto, sigam meu exemplo. Esqueçam esses segredos. Ponham pra fora com quem precisa ouvir. Com quem terá diferença se ouvir. Qual é o máximo que pode acontecer? Pensem bem no máximo que pode acontecer. E vão ver que nem é tão “máximo” assim. É bem pior manter as coisas do jeito que estão.

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No fim, quase ironicamente, estou me dando conta de que o maior interessado é o menos presente!  Não estou dizendo que seja oh, a vítima. Só estou dizendo que nem está sabendo. Ou, se estiver, faz taaaanta diferença… (isso foi irônico, caso alguém não tenha notado). Eu tenho minhas reclamações pessoas acerca dessa pessoa também, mas eu posso dizer que o que mais me incomodava já foi falado. O resto me incomoda tanto que eu sou muito bem capaz de ignorar no momento em que ocorre e não sentir necessidade nenhuma de falar sobre isso depois. De fato, nem me lembro ou antecipo durante meu dia tal e tal coisa que sejam “insuportáveis”.

*

Claro, isso sou eu. Compreendo que alguns sintam-se tão mal a ponto de sentir que vão explodir caso não tenham uma válvula de escape. E que outros sintam-se tão mal por causa de como os anteriores lidaram com o sentimento que estava preso.  E depois que os primeiros sintam-se mal por causa dos segundos e por aí vai até que OLHA!, notaram como nem tem mais nada a ver com o primeiro assunto, que era uma pessoa só? O que ME incomoda é justamente o fato de isso não ter mais nada a ver com essa pessoa. É isso que causa em mim as mesmas palpitações e vontade de possuir uma válvula de escape. Absolutamente nada a ver com a primeira pessoa, que agora só virou um tópico, uma desculpa. Uma Helena de Tróia – apenas outra pessoa, talvez meio chatinha, com defeitos E qualidades, mas absolutamente passível de convivência. Nem de longe tão importante, ou tão perigosa, ou tão vítima para ser um motivo suficientemente bom para se começar uma guerra.

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Se qualquer um dos lados me acusar de traição, acho que meu maior argumento é que sou fiel a mim mesma, à minha moralidade e às minhas opiniões. E se escrevi o que escrevi é porque notei que algo pequeno demais e inicialmente fácil de se resolver acabou por se transformar em um câncer nocivo não apenas para um, mas para todos nós. Ignorar o problema não faz com que ele diminua, muito menos com que ele suma.

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E, como essa história toda já estava de tal modo espalhada que continuar achando que era segredo era apenas questão de aparências, tomei a liberdade de deixar aberto a quem interessar possa. Afinal, tudo aqui é basicamente a minha opinião e, eticamente, nenhum nome foi citado. Os interessados hão de se identificar com facilidade.

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Espero que, como uma sociedade, ou pelo menos como um recorte de uma, possamos achar uma solução madura e em conjunto. E, como minha reclamação tem a ver com o fato da falta de comunicação que está acontecendo por aqui, continuo aberta para caso façam essa comunicação acontecer, desde que seja feita, é claro, civilizadamente.

Se eu morresse, você choraria? … nah, isso é pedir demais. Você sequer iria ao funeral at all?

25/04/2011
Both Sides Now – Joni Mitchell http://www.youtube.com/watch?v=v9j_j-cUwKc
AnaBolinho Ana Pichini
Passei um período contínuo, entre tentar comprar meu porquinho pendrive e voltar pra casa, pensando que eu não faço diferença pra ninguém. Até aí tudo bem, continuo achando que é parte verdade, mas não importa, porque sei que tem pelo menos UMA pessoa que eu sei que me ama simplesmente por querer que eu a ame de volta @milephisto ❤
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Porque eu pensei: bem, não tem ninguém, fora, talvez, minha família, para quem eu seja absolutamente insubstituível. Todos que eu conheço, todos mesmo, tem um substituto imediato para mim, e eu também sei quais são esses substitutos. Ao mesmo passo que eu mesma não tenho ninguém por quem substituir outra pessoa. Ninguém equivale a ninguém pra mim, porque cada um tem suas qualidades e defeitos diferentes, e dos quais eu preciso. Mas eu passei a entender que eu mesma não tenho nada do gênero para os outros.
Quando muito, a única coisa de diferente é algo que não gostam e pelo qual me repreendem. Talvez uma segunda coisa seja o fato de que eu amo demais. Como eu disse antes, eu amo – com intensidade demais – simplesmente por querer ser amada de volta.
Entendem? É como investir todo o dinheiro que você economizou durante a vida toda em uma empresa fantasma, ou uma fachada para lavagem de dinheiro sujo de políticos. Mas aí está o problema: seja como for, até o momento que você descobriu, esteve funcionando, certo? E é lá que está todo o seu dinheiro, certo? E agora você precisa dessa empresa, certo? Então você continua investindo seu dinheiro lá, mesmo sabendo que o seu dinheiro nunca mais vai render da mesma maneira que renderia caso você tivesse, digamos, investido menos.
Ou seja, por ter sido demais, certamente acima da capacidade de todos os outros, eu nunca vou receber de volta a mesma quantia de amor que eu investi e continuo e continuarei investindo na minha vida. Ou mesmo que não fosse amor… mesmo que fosse só um reconhecimento, um respeito ou até mesmo ódio. Ódio é bom, né? Pelo menos, significa que você faz alguma diferença. O problema é quando são indiferentes. Quando entre você e o inseto morto no vidrinho de cianureto não há diferença, senão que você fala.
E eu nem estou falando tanto isso tudo por raiva, ou repreensão, ou qualquer coisa do gênero, porque isso é simplesmente um reconhecimento de fatos.
Eu, Ana, reconhecendo alguns fatos acerca da minha vida.
Não que, obviamente, como eu já disse, isso venha a fazer qualquer diferença para qualquer pessoa. E sim, isso é um discurso inteiro para discorrer sobre o que eu resumi no título: Se eu morresse, você choraria? … nah, isso é pedir demais. Você sequer iria ao funeral at all?
Porque a cada dia o que eu sinto é uma reafirmação de que quem está comigo está apenas presenciando minha existência insignificante enquanto eu ficar por ali. Como quando tem um insetinho na sala. Você é indiferente a ele. Se for bonitinho, como uma joaninha ou algum bichinho assim, você até fica um pouquinho feliz por ele estar ali, mas não faz diferença nenhuma na sua vida se ele vai ficar ali por muito tempo, ou se vai vir alguém e afastá-lo pra fora pela janela, ou se vai bater nele com um jornal.
Enquanto a afirmação que eu gostaria de ter é que sou importante de alguma maneira. Que precisam de mim pra alguma coisa, nem que seja algo muito simples, medíocre, que ninguém nem note, mas que eu saiba e que me digam que sou necessária. Mas necessária para alguma coisa other than escárnio puro e simples. Por mais que eu “tenha cara de quem pode ser zoada”, não significa que eu queira servir só pra isso. Não significa que, só porque eu rio junto, eu queira que isso se repita todo dia. Não significa que eu consiga viver a vida toda sem reconhecimento algum pelo que tenho de bom, e criticada pelo que tenho de ruim. Por mais que – pelo visto – pareça, eu não sou um tapete, eu não sou um chinelo, eu não sou um inseto para ser pisada em cima.
Depois, eu sei que vou receber algumas mensagens ou comentários ou sinais de fumaça quaisquer me mandando longe, me xingando etc, por esse texto, eu sei disso. Mas assim como a própria fumaça em que vieram, eles vão desaparecer. É, nem isso vai fazer muita diferença para quem quer que os mandar. Ou talvez eu nem receba nada. Ou talvez eu receba coisas tipo “tu só ta sendo infantil”. Bom, de fato, esse é um traço da minha personalidade, mas não significa que maturidade também não seja. Ou que, pelo menos, eu demonstre ambas de maneira não-convencional (mudei de ideia, acho que é justamente minha não-convencionalidade que irrita tanto os outros e traz sobre mim as consequências que trazem). De novo, que posso fazer? É absolutamente impossível forçar uma mudança em quem eu sou a essa altura. Mudanças só acontecem naturalmente. O que querem que eu faça? Que eu vire as costas para mim mesma? O dia que alguém conseguir fazer isso, que me avise, porque eu não sei como. Mas pelo menos eu aceito isso.
Pode ser ainda que venha um “ah, cala a boca, tu só queria atenção”. De fato, o meu texto inteiro chama a atenção justamente pra esse ponto, oras! O meu total não-reconhecimento.
E não fiquem tentando encontrar significados ocultos no que eu disse, não há. Eu disse, simplesmente, o que eu queria dizer. E, caso a essa altura já tenham se esquecido do que eu disse na primeira linha, eu não direcionei isso para uma pessoa ou outra (sei que também vai ter gente reclamando depois), direcionei para todos e/ou qualquer um que queira ou tenha a paciência – ou o tédio de não ter mais o que fazer – para ler isso.
E eu sei que vai ser inevitável, mas é uma consequência que eu resolvi aceitar: quando forem me atacar, pensem no significado mais primitivo possível do choro (quem chora, está se rendendo, nada mais que isso). Okay, pensaram? Agora pensem que todos e cada um de vocês já me viu chorar, pelo menos, uma vez.

Pedância e tradução

05/12/2010

Ora, olá!

Em homenagem a esse fim de semestre lindinhotranquilo, vou massagear meu próprio ego e transcrever um texto que, na verdade, foi minha resposta a uma prova. Aliás, vou transcrever com a questão e tudo, pra dar contexto. Beijos =*

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2) A partir das leituras feitas, apresente o conceito de tradução que você acha mais adequado. Justifique a sua opção.

Como já mencionei no texto da questão anterior, é difícil dar uma definição para um processo tão mutável e vivo quanto a tradução, dada a quantidade de fatores das quais ela depende.

No entanto, acredito que o ponto de discussão mais extenso que temos na área é o seguinte: literal ou não literal? Particularmente, tenho pouquíssimo a argumentar em favor da tradução literal (talvez até por causa da minha língua de ênfase, possuidora de expressões como, literalmente, “você acordou honoravelmente cedo” para um simples “bom dia”).

Se dentro da língua materna às vezes não nos entendemos e precisamos até “traduzir” entre nós (entre dois grupos de faixas etárias muito distantes, por exemplo), imagine para uma língua estrangeira? Partindo do princípio – ou hipótese – que não existe tradução literal dentro da língua. Afinal, é a mesma língua, certo?

Mas tudo o que aprendemos até agora nos mostrou e continua mostrando que a língua não é restrita à letra, à palavra. A expressão dos sentidos passa por certas nuances que, às vezes, são quase imperceptíveis.

Para mim, a tradução é justamente a percepção dessas nuances – que não raramente estão, sim, nos espaços em branco do papel, entre uma palavra e outra – e exposição delas em outra língua ou cultura. Aliás, pensemos em comércio (já que a tradução é nosso trabalho, afinal!). Ao exportar um produto, ele é retirado da caixa, às vezes já é montado para chegar ao destino pronto para ser utilizado, às vezes vai em partes por não ser o produto final e precisar de mais peças, às vezes vai ser reembalado de acordo com o transporte… Enfim, é esta a minha visão de tradução.

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Agora, segundo a professora, eu soube mobilizar coisas muito importantes e assumi uma posição bem fundamentada.

Relendo o texto, acho que eu poderia ter colocado a parte do comércio (a mais doida, visto que isso era uma prova!, e minha preferida <3) em um parágrafo à parte. Além disso, acho que já mudei de ideia e não sou mais tão radical quanto a tradução literal. Claro, não vou sair por aí traduzindo “Ohayou gozaimasu!” por “Você acordou honoravelmente cedo!”, mas daí a querer encontrar opções intrincadas, poéticas, obscuras e rebuscadas pra tudo é pedância!

Fala a pessoa que acabou de transcrever e publicar uma questão de prova xD

Amadeus

19/05/2010

Outra extração do meu diário, escrita no dia 11/05/2010, terça-feira, às 22h e 49min.

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Quase não pude aproveitar Mozart.

Era tanta coisa para prestar atenção…

[…]

E Mozart.

Acho que ele é o personagem histórico com quem mais me identifico. Claro, eu estou em “menor escala”.

Mas vejam bem: uma infância adulta, um pai que cobrava demais, tornar-se um adulto ingênuo (ao mesmo tempo que malicioso… “safadinho”, digamos), infantil, que as pessoas nunca levam a sério. Um louco. Mas, ah! Um louco que nos entretém.  E como. A mim e a Mozart as pessoas só consideram importantes pelo entretenimento. Macaquinho de circo. Wolfie de circo. Ana de circo.

Ouvir aquela música é como ouvir minha própria vida.

Aliás, é só lembrar o que ele foi que lembro o que sou.

E, cá entre nós, não é necessariamente bom. Ou melhor, tão bom assim.

Acho que é isso. Vou voltar agora para meu excêntrico realejo que toca violino…

Uma carta

03/05/2010

Eu sei que uma pessoa como eu não tem muita credibilidade pra falar qualquer coisa que seja.

Eu sei que eu sou diferente, e que raramente vou ser levada a sério pelo meu jeito.

Eu também sei que tu certamente preferiria ter a Maru, a Clície ou o Cristhian como filhos. E também sei que eles também adorariam ser teus filhos, assim como eu.

Eu realmente te amo, apesar de não falar isso com a mesma frequência que deveria.

Eu só queria dizer que, mesmo que fale bobagens e esteja sempre rindo e brincando, eu também tenho meus pensamentos e opiniões.

Também, só porque tu não me vê lendo altas críticas e trabalhos e teses etc de gente mais importante que eu não significa que eu não leia, de fato.

Mas veja bem… só nos vemos em casa de noite. Nós dois passamos o dia inteiro fora. Quando eu chego em casa, eu quero largar um pouquinho o mundo acadêmico e fazer as outras coisas que eu gosto (que inclui jogar “esse joguinho idiota” e assistir aos vídeos “desse boboca”).

Veja também que estamos numa era dominada pela internet e outras tecnologias afins. Só porque eu estou sentada na frente do computador, não significa que eu esteja só “perdendo meu tempo”. Existem muitas bibliotecas virtuais por aí, às quais eu acesso. Aliás, minha professora vive falando que, cada vez mais, vai ser mais válido ler pelo computador. Como os anais médicos que atingem preços altíssimos se publicados em revista, e que, se forem assinados para serem lidos online, são bem mais em conta.

E, sejamos francos, nós nem conversamos direito. Ou falamos sobre trivialidades, ou brigamos por causa das constantes críticas que tu me faz. Eu sei que isso é uma reclamação muito clichê, mas eu realmente acho que muitas delas são infundadas.

Eu sei e sei muito bem que quem avança na vida são as pessoas que fazem além do necessário. Mas só porque tu não me vê fazendo essas coisas, não significa que eu não faça. Aliás, até acho que tu vê… só não identifica. Só porque eu acho que um trabalho para ser bom não precisa fazer citações de gente mais importante, não significa que eu não ache necessário ler o que elas escreveram. Significa apenas que eu acho que as pessoas têm de ter mais confiança nelas mesmas e criar algo novo. E, corrija-me se eu estiver errada, como você cita o que Fulano disse sobre tal assunto, se VOCÊ é o primeiro a escrever sobre isso? Como citar a ideia de Ciclano se Ciclano não teve a ideia, se a ideia foi SUA?

Eu nunca disse que é para desconsiderar os trabalhos anteriores ao seu, apenas disse que se deve valorizar o seu próprio trabalho também. Sem ficar se escondendo atrás das citações.

Olha, eu não quero me auto intitular nenhum geniozinho. Eu só quero dizer: sim, meus métodos são diferentes. Métodos de aprender, métodos de me socializar, métodos de viver.

E eu só queria que eles fossem respeitados… Principalmente por ti, pai.

Reflexões (01/10/08)

25/04/2010

Retirado do meu post no fotolog em 1º de outubro de 2008. Achei interessante, então resolvi repostar.

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A vida é algo interessante. Principalmente após as dez da noite.

Começamos a refletir sobre o que fazemos, o que fizemos durante o dia, o que fizemos até agora, o que faremos amanhã. E não chegamos a lugar algum, vejam só que ironia!

Bem, a questão é que algumas coisas são feitas sem que realmente pensemos sobre elas antes de realizá-las, ou são feitas depois que pensamos demais e a idéia já apodreceu, de certa forma, em nossas cabeças. Quantas coisas você mesmo já fez que acabaram assim? Ou começaram assim… Coisas simples que se transformaram em montanhas inteiras dentro do sapato, não eram nem mais uma pedra. Outras foram reflexões comuns, ou frases comuns, fatos comuns… e que o deixaram triste, muito triste. Apenas porque representavam uma realidade que, no seu íntimo, você tentava ignorar.

O que seria o melhor a fazer, então? Não deixar a idéia maturar, ou deixá-la envelhecer no cérebro? Na língua, antes de falar? Sobre o ato de falar… eu sempre achei melhor não manter segredos. Se sua vida éum livro aberto, se você não tem segredos com ninguém, é inatingível. Ninguém pode ameaçá-lo com um segredo conhecido. E por quanto tempo nos perguntamos, às vezes, se devemos contar ou não esses segredos? As conseqüências dessa ação. Mas o que é um segredo, senão algo simples para outrem? Já repararam: o segredo só é algo importante para a pessoa que o guarda. Então, de que vale sermos prisioneiros de um cárcere por nós mesmos construídos? Nada.

Que coisa estúpida! Repararam que a maioria das coisas importantes para nós são fúteis? Por mais triste que seja, ouso dizer que são todas fúteis! Todas as pessoas que amamos deixarão de existir, mais cedo ou mais tarde, ou nós, antes delas, o que dá no mesmo. Todos os objetos que prezamos virarão sucata, entrarão em decomposição. Tudo o que fizemos na vida termina como se nunca tivesse acontecido. Ou não… Dói pensar nisso… Não, acabo de mudar de idéia, a vida é sim sublime, e é impossível que não façamos diferença alguma!

Só seria bom se todos enxergassem a simplicidade das coisas e, portanto, vivessem de maneira mais simples também. No amor, na amizade, no trabalho, na escola, em relação à Natureza, em relação ao Universo como um todo… Não precisaríamos mais ser vítimas de medos criados por nós mesmos…

E o mundo seria feliz…